36% das empresas globais pretendem investir em automação após pandemia

Falta de mão de obra qualificada é hoje o maior entrave para as empresas brasileiras

A pandemia do novo coronavírus poderá impulsionar o processo de automação da indústria mundial e, pelo menos, 36% das empresas buscarão se modernizar para encarar uma nova dinâmica de mercado, segundo o estudo feito pela Ernst & Young, empresa britânica de consultoria.

Hoje, o Brasil aparece na 18° posição no ranking dos países que possuem seus sistemas de produção mais robotizados, aponta relatório da Federação Internacional de Robótica (IFR). São 0,6% de todos os robôs em operação no mundo – ou, em números inteiros, 2.439.543 trabalhando em território nacional.

Entretanto, para se investir em meios de produção mais ágeis é necessário mão de obra especializada. Situação que muda quando se depara com o número de empresas que sofrem com a falta desse recurso humano.

Em 2019, 50% das empresas que atuam no ramo extrativista alegaram ter problemas em seu processo produtivo por conta da falta de mão de obra qualificada, contra 60% no ano de 2013. Fato que mostra uma evolução no cenário em seis anos e, revela ainda, um percentual elevado de corporações em busca destes profissionais, o que constata o estudo realizado pelo CNI (Confederação Nacional da Indústria).

De acordo com Vagner Ortiz, especialista em automação no Brasil, até pouco tempo, buscar trabalhadores braçais era visto como algo mais barato do que a robotização, mas este cenário tem mudado, tendo a indústria automobilística na dianteira desse processo, na qual ela possui métodos de automação já enraizados.

O documento revela ainda que não contar com mão de obra qualificada compromete horizontalmente a empresa, pois afeta o prazo de entrega, quantidade de itens produzidos e, consequentemente, a lucratividade.

“As empresas sabem da importância de investir em automação para aumentar sua competitividade e melhorar seus produtos frente a um consumidor cada vez mais exigente – em um mercado cada vez mais seletivo. Porém, ainda esbarram em aspectos econômicos, falta de profissionais especialistas e ausência de incentivos fiscais. Sendo estes alguns aspectos que postergam o processo de inovação nas indústrias”, afirma Ortiz. 

Muitas empresas alegam ter tido problemas em contratar o profissional especialista no último ano, conforme podemos ver a seguir:


Ainda de acordo com o especialista, a automatização também precisa ser vista como uma aliada do operário, principalmente no que tange a saúde ocupacional, e não algo que irá tomar seu posto de trabalho.

“Um trabalhador que outrora realizava um trabalho braçal, pode agregar maior valor para a indústria realizando tarefas de controle, operação, análise de linhas e produtos dentro de um processo automatizado. Tornando a empresa ainda mais competitiva e padronizada em seu processo de produção. Ou seja, retira da pessoa um trabalho insalubre e de poucas perspectivas, e lhe oportuniza uma atividade de maior valor agregado”, finaliza.