"Se ele [policial] for abordar uma pessoa [na periferia], da mesma forma que ele for abordar uma pessoa aqui nos Jardins, ele vai ter dificuldade. Ele não vai ser respeitado”, disse Ricardo Augusto Nascimento de Mello Araújo, na época comandante da rota. Hoje, vice-prefeito de São Paulo (SP), Ricardo Mello foi indicado por Bolsonaro para ocupar o cargo e foi eleito junto à chapa de Ricardo Nunes nas últimas eleições municipais, em 2024.
Tanta violência contra quem vive na margem da sociedade tem uma explicação. Desde sempre foi implantado e enraizado nas autoridades a ideia do racismo estrutural e do preconceito social. Qualquer pessoa que detém de um poder, seja ele político, capital, social ou jurídico, que não tenha sofrido na pele o preconceito racial ou social, tem em suas mãos o direito de fazer o que quiser sem sofrer impunidades. Por isso a polícia mata, humilha e leva o ódio pra dentro dos quatro extremos da simplicidade, como já dizia Ed Rock.
O que podemos esperar de um país que, desde o início de sua história, exala violência? Desde que o Brasil é Brasil, a minoria é violentada, humilhada e jogada na lama!
Entre tanta violência cedida gratuitamente contra negros e periféricos, certamente, a violência policial é a que mais atinge mentalmente e atrapalha o desenvolvimento desses(as) jovens.
O estereótipo nos assassina diariamente! Pensar que só porque é pobre ou preto é bandido, nos assassina. Só o pensar, em si, já nos assassina. Primeiro mentalmente, na alma, na pele. Depois, se o dedo for apontado na sua direção, te assassina de corpo! E fim da linha!
Porque achou que era bandido, porque não viu o uniforme da escola, porque achou que era ele. Os porquês também nos matam!
E nesses porquês, Igor Melo, que voltava para casa depois do serviço, foi atingido pelas costas. O tiro veio da arma de um policial, e como disse a esposa de Igor: "a bala sempre atinge o corpo preto".
Igor está preso, porque a esposa do policial que atirou nas costas do jornalista e garçom, o reconheceu como o autor do roubo de sua bolsa. Detalhe: a mulher, branca, estava embriagada no momento do reconhecimento.
Sim, a dúvida também nos mata!
"No meu lugar se ponha, e suponha que
No século 21, a cada 23 minutos morre um jovem negro
E você é negro que nem eu, pretinho, ó
Não ficaria preocupado?" - Djonga
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