“Não vamos permitir que este governo lave as mãos para a epidemia da AIDS, um dos mais graves problemas de saúde pública no mundo"
“Uma pessoa com HIV é uma despesa para o Brasil”, disse o anti-presidente Jair Bolsonaro durante uma entrevista nesta terça-feira (5). Mas presidente, e os funcionários fantasmas? A família de miliciano no gabinete? A rachadinha? O cartão corporativo? A lavagem de dinheiro com chocolate? Essas não são grandes despesas para o estado brasileiro?
Com essa declaração, Bolsonaro avança a passos largos para fazer com que pessoas com HIV sejam ainda mais estigmatizadas pela sociedade. Em um país tão carregado de preconceito, que registra uma morte por homofobia a cada 16 horas – dados de 2018 – uma declaração como essa só contribui para o aumento da violência e da desinformação.
Mas, como bem sabemos, Jair Bolsonaro não está preocupado com quem está fora da sua bolha. O homem de família com fortes ligações com a milícia carioca, no segundo ano do que chama de “governo”, ainda desconhece o significado da palavra “cidadania”.
Desconhece porque acredita que a brutalidade pode e sempre vai vencer as ideias. Desconhece porque, durante quase 30 anos, parasitou pelas galerias do congresso nacional. Desconhece, principalmente, pois nega a existência de pessoas com quem não flerta ideologicamente. É um legítimo tirano.
Em nota, a Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA) declarou que o presidente erra ao tratar o assunto com ignorância e preconceito. “Não será por meio da divisão, do preconceito e da ignorância que construiremos uma resposta eficaz à epidemia do HIV/AIDS. A principal lição em 40 anos de enfrentamento à AIDS nos ensinou, sem qualquer dúvida, que o peso de estigma e discriminação na resposta social é a maior barreira ao controle da epidemia”, informa um trecho da nota.
A ABIA, que também trabalha no Observatório Nacional de Políticas de AIDS, informou também que o presidente colabora para a violência e a violação de direitos. “Ao dizer que as pessoas vivendo com HIV causam prejuízo à sociedade, o presidente autoriza tacitamente o estigma, a discriminação e a violação dos seus direitos humanos. Não vamos permitir que este governo lave as mãos para a epidemia da AIDS, um dos mais graves problemas de saúde pública no mundo, e destrua o que lutamos para garantir até aqui”, encerra a nota.