A dificuldade brasileira em preservar os seus biomas

O Brasil é o segundo país com maior vegetação e também é o que mais desmatou em 34 anos


Foto: Marcelo Camargo - Agência Brasil


Na próxima quinta-feira, 21 de março, será comemorado o dia internacional das florestas e árvores. O Brasil está em 2º lugar entre os países com maior vegetação. Em um único território, temos 516 milhões de hectares de florestas, o que equivale a 60,7% do território nacional. Ao todo são 6 tipos de cobertura vegetal, podemos descobrir da Floresta Amazônica à Caatinga. Mas, o descobrir, tem gerado grandes consequências desde o período colonial - com o desmatamento dos nossos biomas.

Durante os anos de 1982 e 2016, o Brasil foi o país que teve o maior índice de desmatamento, segundo a pesquisa realizada pela Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, que contempla a totalidade da área coberta por árvores. Contudo, os dados deste estudo contradizem aos apresentados pela Organizações das Nações Unidas (ONU) para a Alimentação e a Agricultura. Para a ONU, ocorreu uma grande perda florestal entre 1990 e 2015, pois a organização leva em consideração apenas as florestas desmatadas.

O agro é pop?

Visto como vilão por grande parte dos ambientalistas, o agronegócio tem sua considerável culpa em torno do desmatamento. A exportação de soja, que atingiu recorde em 2018 como maior demanda da China, é o carro-chefe de exportação brasileira, já que o Brasil é o maior exportador global da oleaginosa.

Para que seja produzida toda essa quantidade de grão, é necessária uma extensa área para a agricultura. O que em contrapartida é bom para os negócios brasileiros, tem sido extremamente prejudicial para as matas. Segundo o relatório da Moratória da Soja – medida criada por empresas privadas para combater o desmatamento, mediado por ONGs e governo -, o plantio do grão em área devastada cresceu 27,5% em 2018. O estado com maior participação no plantio é o Mato Grosso, que concentra 76,2% da soja plantada em floresta destruída.

Devido a isso, vem crescendo o movimento para a agroecologia. A alternativa valoriza os conceitos e princípios ecológicos para o desenho e manejo de agroecossistemas sustentáveis.

Desastres ambientais 

Os desastres ambientais também contribuem para o desmatamento, exemplo disto são os rompimentos das barragens de Mariana e Brumadinho, que, por sinal, não foram as únicas no estado de Minas Gerais. Em 2003, em Cataguases, outra barragem foi desativada após um grave acidente, que espalhou cerca de 900 mil metros cúbicos de material orgânico na Bacia Hidrográfica do Paraíba do Sul. Posteriormente, em 2007, ocorreu o rompimento da barragem São Francisco, na zona rural de Miraí, também em Minas. Todos estes acidentes afetaram a flora e fauna da região.

Efeitos dos desmatamentos para os rios

Ainda nessa semana, dia 22, será comemorado o dia internacional da água. O Brasil apresenta 12 regiões hidrográficas formadas por diversas bacias, onde estão localizados os principais rios do país: Amazonas, São Francisco, Tocantins, Araguaia, entre outros.

Além dos desastres ambientais citados anteriormente, que também geram prejuízos para os rios, o desmatamento é outro agravante.

As árvores têm como função proteger o solo. Entre os benefícios está a diminuição da velocidade do escoamento superficial, com isso, a retirada da cobertura vegetal expõe o solo ao impacto das chuvas.

Dentre as consequências, podem ocorrer:

*Assoreamento de rios e lagos: o acumulo de lixo, entulho e outros detritos no fundo dos rios, faz com que ele suporte menos água, o que pode gerar enchentes nas grandes cidades.

*Extinção de nascentes: com a menor infiltração da água da chuva no subsolo, pode ocorrer o rebaixamento do lençol freático.

Medidas governamentais

A legislação brasileira é composta por várias leis ambientais, que visam punir quem destruir ou danificar a vegetação nacional. Para que isso se cumpra, o governo utiliza imagens de satélite e os sistemas de georreferenciamento. O Brasil conta com dezenas de sistemas de alertas e o Ibama é um dos órgãos públicos que recebe essas informações.

A principal dificuldade de se basear nesses dados são as falhas. No Ibama por exemplo, a imagem exata do local de desmatamento demora a chegar, o que dificulta a ação do órgão.

Em dezembro de 2018, o Ministério do Meio Ambiente divulgou a parceria com o MapBiomas. Com isso, será possível o mapeamento anual da cobertura e da mudança de uso de terra. Os dados também serão mais rápidos e eficientes, para esclarecer se o território pode ou não sofrer mudanças florestais, conforme depoimento da presidente do Ibana, Suely Araújo:

 “O Ibama já vem atuando na fiscalização remota com informações de vários sistemas. Esta é mais uma parceria que vai contribuir para um controle mais eficaz do desmatamento e para a autarquia cumprir suas missões institucionais.”