Empresas do ramo erótico investem em sextoys que permitem interação à distância

Por se basear em tecnologia, a segurança cibernética dos usuários merece atenção, mas não preocupa fabricantes

A pandemia mudou diversos aspectos do cotidiano das pessoas. Desde o âmbito político ao social, muito se modificou. Nesse meio do caminho, um ponto que sofreu forte alteração foi a questão sexual. Não à toa que durante a crise da Covid-19 o mercado erótico nacional viu subir em 90% a venda de bonecas infláveis, 61% a de masturbadores e 50% a de vibradores.

Porém, outro produto que também teve aumento na procura foi o vibrador de alta tecnologia que permite interação à distância. De acordo com o levantamento Perfil do Empreendedor do Mercado Erótico na Pandemia, feito pelo portal Mercado Erótico em fevereiro de 2021 e que teve coletada a participação de 135 empresários de diversos ramos de negócio, esse produto presenciou um aumento de 40% nas suas vendas durante a pandemia.

Esse dado lança luz a uma categoria de produtos específica que, na pandemia, teve elevação na procura. Eles são os sextoys desenvolvidos para oferecer a possibilidade do uso à distância, algo primordial para um período em que a proximidade física deve ser evitada ao máximo. Por isso, uma série de empresas está focando seus investimentos na elaboração desses itens.

Um exemplo é a cingapuriana Lovense, a qual desenvolveu o Lush 2, um vibrador que possui conectividade via bluetooth e internet que permite o emparelhamento entre dispositivos que estejam em qualquer parte do mundo. A estadunidense Svakom é outra empresa que vem focando na produção desse tipo de produto.

Ela desenvolveu a Ella Neo, uma cápsula vibratória que, por meio do aplicativo Feel Connect 3, permite que o usuário controle as vibrações e também interaja com internautas de sites adultos como Chaturbate, Bongamodels e Camsoda. Mas não só isso. O produto possibilita ainda a conectividade com o Alex Neo, masturbador da Svakom.

Imagem: Svakom
A holandesa Kiiro, por sua vez, criou o Pearl2, um vibrador que permite ao usuário a interação à distância, a compatibilidade com jogos 3D parceiros da empresa e a conectividade com o Onyx2, masturbador também desenvolvido pela Kiiro, gerando uma interação entre os públicos feminino e masculino.

Esse cenário em que diversas empresas do ramo erótico estão demonstrando interesse na elaboração de produtos cada vez mais tecnológicos e interativos lança luz a um complicador, que é a segurança cibernética de seus usuários. Tendo o sigilo preservado a partir de senhas, a invasão de golpistas não preocupa os fabricantes. “Como ainda é algo novo, esses itens não são o alvo predileto dos hackers, que hoje em dia estão mais focados em senhas bancárias e informações sigilosas de grandes corporações”, esclarece a diretora de vendas da sexshop Exclusiva Sex, Camila Gentile.

Imagem: Reprodução da Internet
Por não apresentar risco aos usuários, todos os produtos citados anteriormente já estão sendo vendidos em todo o mundo, inclusive no Brasil. No país a venda desses itens estimulou o comércio erótico interno, fazendo com que, de acordo com o levantamento Perfil do Empreendedor do Mercado Erótico na Pandemia, o mercado erótico nacional preveja, para este ano, uma média de crescimento de 30% em sua receita no comparativo com 2020. Naquele ano, a expectativa de lucro foi 4,12% superior aos R$ 2 bilhões alcançados em 2019.

Para as pessoas, ou seja, o público-alvo dessas marcas de itens eróticos, o que os produtos tecnológicos e de interação à distância possibilitaram foi a promoção da liberdade dos tabus que ainda cercam a masturbação. Segundo a editora do portal Mercado Erótico, Julianna Santos, com o auxílio desses sextoys, tanto as mulheres quanto os homens passaram a enxergar a prática como uma alternativa ao sexo a dois. “Isso tem promovido um maior autoconhecimento do corpo e das preferências em termos de fantasias sexuais”, observa Julianna.

Contudo, durante a pandemia essa não foi a única barreira vencida pelo mercado erótico como um todo. Afinal, as pessoas que tiveram baixa de libido estão procurando auxilio profissional, algo que não acontecia antes do conflito contra o coronavírus. “A pandemia trouxe uma preocupação maior com a saúde, e a falta de libido é um sintoma que passou a figurar na lista dos check-ups como informação importante na hora da consulta de rotina”, destaca a editora do portal Mercado Erótico.