O filme une as duas gerações da franquia jurássica
A escuridão banha a paisagem. Não há luz, mas feixes claros que mostram as águas do mar se movimentando com certa rapidez e frequência. No centro de tal cenário, um barco pesqueiro faz suas atividades quando um mosasaurus eclode das profundezas engolindo toda a pesca conquistada e tombando a embarcação.
Como de costume com relação aos outros filmes da atual trilogia do Jurassic World, o capítulo Domínio também se inicia com uma tragédia carniceira. Tal despertar é uma estratégia que vem funcionando para impactar o público e capturá-lo para conferir, de olhos bem atentos, o enredo que se apresenta.
Curiosamente e de maneira positiva, o enredo do longa-metragem não tem como base eventos envolvendo os dinossauros propriamente ditos. É verdade que eles são personagens que apimentam a tensão, mas o que serve de base para a história escrita em união ente Emily Carmichael e Colin Trevorrow é algo muito mais palpável e realista.
Jurassic World: Domínio gira em torno do sequestro de Maisie Lockwood (Isabella Sermon) que, agora com 16 anos, luta para entender seu lugar no mundo e questiona o isolamento rigoroso criado por Owen Grady (Chris Pratt) e Claire Dairing (Bryce Dallas Howard). O par, desde o final de Jurassic World: Reino Ameaçado, ficou com a guarda da garota e responsável por protege-la contra investidas de diversas empresas em descobrir como foi possível a criação de um clone perfeito.
É aí que o espectador é surpreendido com figuras carimbadas e importantes para o universo do Jurassic Park. Alan Grant (Sam Neill) e Ellie Satler (Laura Dern) estão de volta e, agora, com a função de desmantelar uma indústria biológica que adulterou o genoma de gafanhotos e ameaça a produção alimentícia global.
Ian Malcom (Jeff Goldblum), que já havia feito uma aparição em Jurassic World: Reino Ameaçado, agora retorna com um papel mais significativo e que cria uma ponte entre seus colegas da trilogia Jurassic Park, além de ser o responsável por momentos de risadas rasas. Contudo, personagens que tiveram considerável importância no longa-metragem anterior não conquistaram tal holofote no presente capítulo.
Esse é o caso de Zia Rodriguez (Daniella Pineda) e Franklin Webb (Justice Smith). Os personagens aparecem em praticamente uma cena, mas desempenham uma importante linha narrativa entre o início e o estopim da trama. No lugar de auxiliares de Claire e Owen, então, entraram nomes como Kayla Watts (DeWanda Wise), que tem sua índole corrompida durante o enredo, e Ramsay Cole (Mamoudou Athie), quem também adquire um lapso de consciência e vira peça-chave para a resolução dos obstáculos.
De modo geral, Jurassic World: Domínio tem um enredo consideravelmente fraco em relação ao primogênito da trilogia Jurassic World. Contudo, ele prende o espectador com um enredo mais realista e repleto de déjà-vus de cenas de outros filmes da prole jurássica.
Além disso, o filme surpreende ao apresentar novos dinossauros ao público, como o therezinossauro e o giganotossauro, e cria uma estranha nostalgia ao reapresentar o diolofossauro, figura icônica na trama de Jurassic Park. No entanto, o que mais chama a atenção é a união de gerações.
Alan Grant e Ellie Satler juntos com Owen Grady e Claire Dairing. A união de duas fases da série jurássica. Não por menos, em diversos momentos Maisie Lockwood faz as vezes de Lex, que em Jurassic Park: O Mundo Perdido foi vivida por Ariana Richards.
Tendo como tópicos a convivência e a interação com os dinossauros, a busca por pertencimento e autoconhecimento, e críticas à reprodução ilegal e à adulteração genética, Jurassic World: Domínio convida o espectador ao descobrimento de si mesmo, ao perceber os lados negativos e positivos da própria personalidade.
É um filme que, como os outros da série jurássica, busca refletir sobre a sede desmedida de poder, de ter controle sobre tudo e sobre todos, o que reflete claro temor em relação ao destino. É um longa-metragem que evidencia as consequências de querer sempre estar no controle de toda e qualquer situação. É justamente nesse contexto que entram Dr. Henry Wu (BD Wong) e Lewis Dodgson (Campbell Scott), personagens que formam o centro malvado da trama. Ou, pelo menos, que parecem ser malvados.
Para completar o escopo, Jurassic World: Domínio é contemplado por cenas dramáticas e emocionais que são abraçadas por uma trilha sonora nostálgica assinada por John Williams.
Dirigido por Colin Trevorrow, Jurassic World: Domínio é, enfim, um filme que ilustra bem a fala do próprio personagem Ian Malcolm em O Mundo Perdido - Jurassic Park: a vida sempre encontra um meio.
Confira o trailer oficial: