Luz verde para a vida no Setembro Amarelo

Campanha de conscientização visa alertar para as altas taxas de suicídio que crescem anualmente

Setembro se notabiliza pela chegada da primavera, pelas flores que desabrocham dando o tom da estação e pelas agradáveis temperaturas. Considerada por muitos a época mais charmosa, a chegada do nono mês do ano traz junto dele também debates extremante pertinentes sobre a saúde mental.  

Capitaneada pela ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), a campanha Setembro Amarelo busca conscientizar sobre as elevadas taxas de suicídio que têm sido registradas ano após ano.

De acordo com estudo divulgado pela OMS (Organização Mundial da Saúde), estima-se que a cada 40 segundos uma pessoa tira a sua própria vida. Tais números são preocupantes, e expõem um cenário que merece ser acompanhado com atenção.

Também em cartilha publicada em 2012, a OMS recomenda que o suicídio deve ser tratado pelos países como um problema de saúde pública – com políticas de prevenção e tratamento para as pessoas que apresentam doenças psíquicas com fortes tendências à prática.

“É importante que o Estado dê valor à saúde mental, que organize ações preventivas, no sentido de que todos tenham acesso, disponibilize um melhor atendimento pelo SUS e uma escuta especializada. A gente tem visto muitos projetos voluntários de pessoas fazendo essa escuta, por meio do CVV (Centro de Valorização à Vida), em que pessoas ligam e podem pedir ajuda”, salienta Christiane Ribeiro, médica psiquiatra.

Em abril de 2019, foi sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro a lei n° 13.819. Conhecida como Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio, a lei busca conscientizar por meio de canais de comunicação, campanhas de impacto e assistência as pessoas procuram ajuda por meio do SUS.

Para a especialista, a relação entre suicídio e doenças psíquicas é quase uma regra, não uma exceção. 90% das pessoas que chegaram ao ato sofriam algum tipo de moléstia mental.

Dentre as doenças psíquicas mais comuns está a depressão. Que, infelizmente, ainda é vista por muitas pessoas como algo sem relevância ou menosprezada. O que gerou nos últimos anos diversas campanhas com o slogan “Depressão não é frescura”.

Sinais e números da doença

Ainda de acordo com a psiquiatra Christiane Ribeiro, é absolutamente possível identificar quando uma pessoa apresenta um quadro depressivo, sendo alguns sinais: a perda do interesse em atividades que anteriormente sentia prazer, falta de disposição física, isolamento social e, em alguns casos, insônia e a falta de cuidado consigo mesmo, sendo assim, alguns sinais que parentes e pessoas próximas devem observar.

A psiquiatra ainda alerta que em muitos casos não há necessidade do uso de remédios. A pessoa pode ser encaminhada para terapias e orientada à prática de esportes, sendo a última uma poderosa aliada na luta contra a doença.

Ainda segundo a cartilha da OMS, o Brasil é o oitavo país no mundo em números de suicídios. O que nos faz ascender a luz amarela para esse problema que acomete em sua maioria jovens de 15 a 29 anos.

Outro dado inquietante revela que pelo menos 50% das pessoas que vieram a óbito chegaram a atentar contra a própria vida anteriormente. O que reforça a tese que corresponde à distúrbios mentais.

Uma outra faceta deste problema são as barreiras do constrangimento que ainda fazem as pessoas com propensão ao suicídio não procurarem ajuda. O que coopera para o amento dos números.

“O suicídio ainda é um assunto muito velado, ainda é um tabu. E, dessa forma, a gente deixa de falar e de ajudar outras pessoas que estejam passando por essa situação. Muitas pessoas não procuram ajuda por sentirem vergonha, por não se sentirem acolhidas”, ressalta a psiquiatra.