Geração Z corresponde a aproximadamente 25% da força de trabalho atual

Mesmo assim, a falta de um plano de carreira faz com que essa parcela da população entre para a estatística de desemprego no Brasil

Pessoas integrantes da chamada Geração Z correspondem a aproximadamente 25% da força de trabalho atual, segundo o RHlab. Contudo, conforme constatação da PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) emitida pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), essa parcela da população está imersa em um desemprego que atingiu 11,2% dos brasileiros no período que compreendeu os meses de novembro e dezembro/2019 e janeiro/2020, o que representa 11,9 milhões de habitantes.

De acordo com a fundadora do RHlab, Lud Pimenta, um dos fatores para que essa geração viva a referida realidade é a falta de um plano de carreira para o jovem aprendiz.

“O que a gente vive hoje nas organizações é uma estrutura baseada nas necessidades da Geração Y e nas três linhagens anteriores. Então, está muito difícil para que a Geração Z se adapte a esse modelo de gestão antigo”, comenta. “Se as organizações não se adaptarem, a gente vai continuar perdendo esses jovens”, alerta.

Portanto, é essa junção de causas que faz com que essa parcela da população entre para a estatística de desemprego no Brasil. Para entender o contexto atual do emprego no país e das pessoas que estão imergindo no mercado é preciso compreender primeiro quem são esses indivíduos que estão formando a força de trabalho. Eles fazem parte de duas gerações diferentes, a Geração Índigo e Cristal, ou Z e Alpha. A primeira é formada por crianças nascidas por volta de 1970. Elas têm a característica de serem superdotadas, de grande sensibilidade, com alto nível de energia e que se entediam com facilidade por sentirem, às vezes, dificuldade de se concentrar.

Segundo a terapeuta Thassya Dessimoni, essa geração, nas profissões atuais e futuras, compreende as pessoas que têm a capacidade de fazer uma leitura corporal, como se os outros fossem um livro, fazendo, assim, com que saibam a melhor forma de agir. Além disso, não permitem qualquer tipo de manipulação. “As empresas que têm esse conhecimento poderão dar condições para que esses profissionais elaborem coisas inovadoras e criativas como nunca visto antes”, salienta.

Já a Geração Cristal ou Alpha é aquela formada por pessoas nascidas a partir dos anos 2000. Segundo Thayssa, esses indivíduos são, em sua maioria, seres de outros planetas que possuem uma energia crítica que é o amor divino e incondicional. São crianças muito amorosas, sem preconceitos, pacificadoras, que possuem uma forte ligação com a natureza, animais, artes e música. Elas têm, através das mãos, principalmente, o dom da cura e levam bem-estar aos seus semelhantes.

No âmbito do trabalho, a Geração Cristal tem sabedoria nata e gosto pela tecnologia. “Essa é a geração que veio trazer o amor. Com seu tato de percepção, nas nossas áreas profissionais atuais elas virão, junto com a Geração Índigo, para trazer soluções e resoluções com mais rapidez e eficácia”, explica a terapeuta.

Visto isso, fica claro que o ambiente trabalhista precisará sofrer alterações para se adequar aos novos profissionais. A partir disso, se percebe que, no futuro, haverá profissões novas que atenderão, portanto, a necessidade desse novo público. Porém, não é só no âmbito do trabalho que haverá grandes transformações. No social também.

De acordo com pesquisa feita pelo IBOPE no início de 2019, 14% da população brasileira, ou 29 milhões de pessoas, se declaram vegetarianas. A porcentagem representa um aumento de 75% ante a primeira estimativa feita em 2012 pelo instituto. Muitas das razões apontadas para a adoção desse tipo de dieta é a preservação dos animais, algo que, como já foi visto, é uma característica das pessoas da Geração Cristal.

Imagem: Portal Green Me

Esse gosto pelos animais já está sendo visto pela engenharia agrônoma. Desse modo, previsões de algumas das principais consultorias de recrutamento profissional do mercado, como a Robert Half, Michael Page e Hays, indicam que o profissional com título de engenheiro com foco em agronegócio terá destaque no futuro. Porém, diversas áreas vindas desse ramo e que trabalham com foco nas produções agrícola e pecuária, como agronomia, aquicultura, agrimensura, ambiental, florestal e de pesca também terão sua importância.

Tudo está ligado. O social e o profissional se conversam constantemente e se transformam juntos. O aumento de pessoas vegetarianas e as previsões profissionais na área agrônoma são apenas parte de um movimento que prevê o bem estar animal, algo que, segundo o engenheiro agrônomo e mestre em microbiologia de alimentos pela USP-SP, Luís Pinheiro, nunca esteve tão em pauta como nos dias de hoje.

O profissional levanta que, atualmente, estudos têm demonstrado e comprovado a fisiologia dos animais e quais as melhores condições para sua produção.

“Através destas pesquisas é que nos possibilitou conhecer melhor os animais de criação e, assim, poder oferecer a eles o que estamos chamando hoje de bem estar animal”, comenta Pinheiro.

Para garantir a saúde e a saudabilidade dos animais de corte, foi criado o protocolo FSSC (Food Safety System Certification ou Certificação de Sistema de Segurança Alimentar, em português) 22000. Por meio dele se verifica o manejo e qualidade dos animais no pasto a fim de proporcionar, assim como para toda a cadeia alimentar que consumirá de alguma forma a carne proveniente desses seres, a saúde.

Seguindo tais normas, existem hoje fazendas humanizadas que são certificadas para obtenção do selo Certified Humane. O engenheiro agrônomo e mestre em microbiologia de alimentos pela USP-SP, Luís Pinheiro, explica que para a obtenção do certificado, os produtores rurais devem desenvolver técnicas e tomar uma atitude para reduzir o sofrimento dos animais desde o nascimento até a morte, verificando, assim, se eles foram tratados com humanidade em todos os períodos da vida. “A Engenharia Agronômica, então, pode e deve contribuir com esta evolução do conhecimento e aprendizado levando ao campo as melhores práticas de cultivo e produção animal”, destaca.

Foto: Portal Insecta Shoes

Apesar desses avanços e da previsão de um promissor ambiente trabalhista, o progresso tecnológico na ação humana vai sempre tendo seu impacto. Assim como mencionou o filósofo Pierre Levy, a cibercultura impacta não só o ambiente de trabalho, mas também a ação e o comportamento do indivíduo.

Para o antropólogo e doutor em ciências sociais, Expedido Leandro Silva, dentro das transformações dos valores sociais e do ambiente de trabalho, o Home Office, por exemplo, é uma atividade em que há exploração do mesmo jeito. “Isso serve para que o sujeito tenha uma sensação de ser dono do seu próprio trabalho. Veja que coisa perigosa! É mais do que isso, é maléfica!”, espanta.

Na visão do antropólogo, portanto, todas essas novas tecnologias estão centradas em um projeto de dominação do sistema de mercado, que é a exploração da mão de obra. “A consciência do indivíduo não é mais dele próprio, mas sim uma ação que ele tem para atender às demandas impostas”, explica.

Em meio às ações instintivas, de imitação, Silva acredita que as pessoas estão se conectando cada vez mais por conta do modismo da tecnologia e que, diante disso, o mundo que está imerso nessa hiperconectividade, agora com o Coronavírus, tem um momento de reflexão forçada. “Estamos num processo em que o sujeito precisa se humanizar. Ele precisa se tornar gente. Ele precisa ter a consciência em si e dizer ‘eu sou uma pessoa e meu comportamento tem que ser de solidariedade’”, conclui o antropólogo e doutor em ciências sociais, Expedido Leandro Silva.