Vaca Branca, Mancha Preta conta a jornada de autoconhecimento de uma vaca que não aceitava suas manchas
Em um belo dia de sol, ao observar as vacas no pasto, um menino começou a achá-las todas muito parecidas. Ao olhar mais de perto, percebeu que cada uma delas tinha uma identidade, suas cores, suas caras e suas manchas. Assim nasceu o livro infantil Vaca Branca, Mancha Preta, do argentino Pablo Bernasconi, autor e ilustrador da obra lançada no Brasil pela editora Catapulta.
“Quando tinha quatro anos, meu filho Franco me perguntou, durante uma viagem ao campo, por que as vacas eram todas iguais e como faziam para não se confundir umas com as outras. Me pareceu um bom começo para propor um conto, que logo se expandiu para diferentes analogias, quando aparecem outros animais”, comenta Bernasconi.
Na história, voltada para crianças a partir de cinco anos, a vaca se questiona sobre sua verdadeira identidade e aparência física. “A vaca queria mudar e ser diferente”, resume Isabella Trigueiro, 6 anos. Sorrindo, ela conta que acabou de perder três dentes de leite da frente. “Olho no espelho e me acho linda banguela”, diz, orgulhosa pela troca dos dentes. Para ela, a vaca ficaria bonita de todos os jeitos: com manchas brancas, pretas ou até marrons.
A importância da narrativa vai além da abordagem de estereótipos, aponta o autor: “Gira em torno da insatisfação, da dúvida, do inconformismo com nossos próprios corpos, defeitos e virtudes. Acredito que a busca pela personalidade é um dos momentos mais difíceis da vida das pessoas e também um dos mais significativos.”
Conflito de identidade
Para o psicólogo Wanderlei Guedes, que trabalhou 16 anos com crianças e jovens em escolas, as ilustrações e textos do livro mostram, de forma simples e engraçada, traços comuns dos conflitos de identidade.
“Em um mundo de valorização da imagem e da performance, muitos têm dificuldade de assumir sua própria condição, baseando-se em um ideal, em uma projeção não real de si mesmos. O autor mostra o quão importante é o senso de pertença e de aceitação do que, realmente, cada um é”, avalia Guedes.
Ele ainda explica que é na primeira infância que se fortalece a autoimagem e a criança começa a entender seu lugar no mundo. Em sua opinião, esse tipo de literatura deve ser usada como instrumento de reflexão já que, especialmente nessa fase, que vai até os sete anos, as crianças aprendem muito por exemplos e modelos.
“A abordagem do assunto para as crianças é uma tentativa de trazer à tona temas que ainda são tabus na sociedade. A obra pode ser usada para reforçar a autoestima das crianças e promover o lado belo da natureza”, sugere a Porta-voz da editora Catapulta no Brasil, Carmen Pareras. Segundo ela, o livro fará parte de um conjunto de outras obras cujos temas são o desenvolvimento de atividades motoras e criatividade infantil.
Sobre o livro:
O título possui 32 páginas e preço sugerido é de R$ 34,90. Ele está disponível nas principais livrarias do país, em lojas físicas e online, além do site da editora: https://www.catapultalivros.com.br/.