Metallica de volta a São Paulo

Mais uma vez, a adrenalina tomou conta do estádio do Morumbi

Quem passou pelos arredores do Estádio Cícero Pompeu de Toledo, mais conhecido como Estádio do Morumbi, notou uma aglomeração de pessoas de preto a partir da manhã de terça-feira (10). Filas se formaram e anunciaram a chegada de um acontecimento já esperado há muito tempo. Foram três anos desde a confirmação do evento original até a noite do último 10 de maio, noite em que o Metallica finalmente voltou a São Paulo para uma noite de Heavy Metal em sua forma mais pura. E o melhor de tudo: eles não vieram sozinhos.

Além do grupo californiano, outras duas bandas estiveram no palco. A primeira delas, a brasileira Ego Kill Tallent, começou sua apresentação um pouco antes das 18h30 e mostrou uma qualidade técnica que justifica o porquê de ser chamada para abertura de grandes shows com cada vez mais frequência. Um show curto, de apenas 30 minutos, mas que soube contagiar o público que se juntava na grade do palco.


Em seguida, foi a vez de Greta Van Fleet tomar conta do palco. E fizeram isso de uma maneira surpreendentemente boa. A maioria dos expectadores já tinha ouvido a banda, que vem ganhando cada vez mais notoriedade no meio musical nos últimos anos, mas poucos já tinham ouvido a banda dos rapazes do estado do Michigan ao vivo. O vocal poderoso de Josh Kiszka em conjunto com o Hard Rock executado sem falhas mostram o lado positivo pelo qual eles são comparados com Led Zeppelin. Mas, e o lado negativo dessa comparação? Não importa. Jovens com tão pouco tempo de estrada e que já são comparados com uma lenda do Rock devem mesmo é sentir orgulho de críticas assim, ao contrário de quem as faz por puro despeito.

Foto: Marcelo Rossi


Mas, embora os shows de abertura tivessem realmente sido muito bons, as mais de 70 mil pessoas que lotaram o estádio estavam lá para assistir os donos daquela noite. E essa expectativa só ia aumentando a cada ajuste que era realizado no palco. Até o momento em que, pegando o público totalmente desprevenido, as luzes se apagam e começa a passar no telão o famoso trecho de Três Homens em Conflito com a música The Ecstasy of Gold tomando conta de todo o ambiente.

Nessa hora, toda a espera, todo o sacrifício dos fãs é recompensada e a dor e o cansaço são deixados de lado. A adrenalina do que está por vir toma conta da plateia. E é essa mesma adrenalina que é citada no refrão de
Whiplash, música do primeiro álbum do Metallica, Kill'em All, e que foi a escolhida pela banda para iniciar o show. Um som rápido, pesado e que carregava a mensagem de que a hora de bater cabeça finalmente havia começado. 

Foto: Marcelo Rossi


​Entre a segunda música da noite,
Ride The Lightning, que é a faixa título do segundo álbum do Metallica, e a seguinte, Fuel, o vocalista James Hetfield fez questão de deixar um aviso importante a todos: "Caso alguém esteja dando a luz aqui, favor se dirigir ao setor ao lado" apontando para a cabine de Serviços de Primeiros Socorros enquanto sorria se lembrando do parto que começou na apresentação da banda em Curitiba.

Com um palco paradoxalmente simples e deslumbrante, a banda seguiu seu padrão em apresentações mundo a fora e usou de fogos de artifício de todos os tipos, luzes, animações nos telões, labaredas gigantes, no palco e acima dele, que literalmente aqueciam o público mais perto das grades, o Metallica conseguiu criar um clima de imersão para cada uma das músicas que executou.

Passaram por praticamente todos os álbuns lançados em seus mais de 40 anos de carreira, deixando de fora somente canções de Death Magnetic do setlist. Até mesmo o menos querido St. Anger foi representado pela faixa
Dirty Window. Esta, inclusive, questionada por alguns fãs, que elencavam outras canções melhores para substitui-la. Mas uma coisa que nunca será unanimidade é a escolha do repertório da noite. Cada fã sempre terá ao menos uma música para questionar e outra pra incluir. Melhor deixar mesmo para o Metallica. Eles sabem o que fazem.

O show foi encerrado como começou: a velocidade e o peso de
Spit Out The Bone, de Hardwired... To Self Destruct, o último álbum da banda, seguida de duas músicas do aclamado álbum preto: Nothing Else Matters, essa mais lenta, e Enter Sandman, a mais famosa do grupo e que os lançou definitivamente ao estrelato. 

Como de praxe e forma de agradecimento, os integrantes da banda foram até a beira do palco atirar palhetas e baquetas, um souvenir em forma de recompensa ao que, como a própria banda chama: família Metallica. Ainda antes de se retirarem, todos foram até o microfone agradecer ao público, se destacando nesse ponto o baixista Robert Trujillo. Ele, desde a execução de Enter Sandman, usava o famoso boné azul com logotipo do Banco Nacional - eternizado por Ayrton Senna - e puxou em coro e em nosso idioma o grito de "Eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor". Um final épico para uma noite épica do Metallica em São Paulo.