Filme: O Massacre da Família Manson

O ano de 2019 marca cinco décadas desde o infame caso Tate-LaBianca, um dos crimes mais hediondos da história recente cometido pelo culto chamado Família Manson. A repercussão do assassinato foi enorme, principalmente por envolver a famosa atriz Sharon Tate, grávida de oito meses à época de sua morte.

A Família Manson, especialmente seu líder Charles Manson, ganharam lugar na mídia, na lei e na cultura popular ao lado de serial killers e crimes hediondos. A comemoração de seu mais famoso ato foi marcada no cinema com cinco filmes abordando o caso: A Assombração de Sharon Tate, Charlie Says, Era Uma Vez... Em Hollywood e O Massacre da Família Manson.

Este último é uma produção lançada direto para vídeo do roteirista e diretor Andrew Jones, que compete aqui com Mary Harron, diretor de Psicopata Americano, e Quentin Tarantino, diretor de Kill Bill.  A história de Jones se diferencia por mostrar o local dos assassinatos, 10050 Cielo Drive, em duas gerações: em 1969, acompanha Manson (Ciaron Davies) e seus seguidores até a morte de Tate; em 1992, a cantora Margot Lavigne (Brendee Green) busca inspiração se mudando para a casa, onde eventos estranhos começam a perturbá-la.

Co-produção americana e britânica lançada no gênero "suspense-crime-horror", o filme de 90 minutos não entrega sustos ou tensão. Ao invés disso, parece se dividir entre dois filmes completamente diferentes: uma cinebiografia de Manson e seus pupilos, e um filme indie sobre uma roqueira se recuperando das drogas. A ponte entre os dois enredos - a "assombração" - mal aparece. Se trata de uma mistura de dois filmes anunciada com um terceiro, pois o espectador quase esquece que deveria estar vendo um filme de suspense.

As atuações em O Massacre da Família Manson variam entre boas e questionáveis, e a direção é, às vezes, exagerada demais. Por causa da mistura, talvez, a junção dos dois enredos cria mudanças de tom drásticas durante o filme, e as transições entre cenas também deixa a desejar no quesito coerência.

O que o filme entrega é a violência sugerida pelo "massacre" do título; os seguidores de Manson torturam e matam mesmo antes de chegar à casa de Tate e o espectador os acompanha em suas jornadas mais físicas que emocionais. Aliás, empatia e conexão com os personagens também são um ponto fraco do filme.

Entre esfaqueamentos e diálogos expositivos, o filme tropeça com poucas ressalvas. Derek Nelson (Bobby Beausoleil) se destaca ao protagonizar uma das cenas mais interessantes do longa, ao lado do traficante Derek Hinman (Lee Bane). O foco na vida e ensinamentos do culto, crimes e clímax do enredo Manson são visivelmente as melhores partes.

A história mais moderna é uma mudança interessante da mídia em torno do caso Tate-LaBianca. O que lhe acontece é a falta de elementos realmente chamativos, isso sem falar na conexão entre a cantora Margot e os ecos do passado em Cielo Drive. A protagonista, que deveria ser a principal figura do filme, ganha o pior arco dramático e um final nada satisfatório.

O Massacre da Família Manson se resume a um filme para o nicho “fanáticos-por-crimes-famosos”, e é uma produção, apesar do baixo orçamento,até bem executada, embora lhe falte técnica e, principalmente, charme.

Confira o trailer oficial: