Filme: Branca Como a Neve

Com um cenário totalmente diferente do conhecido nas fábulas e imerso em uma pegada moderna, Branca Como a Neve (Blanche Comme Neige, no original) vem revolucionando completamente o que já conhecemos de Branca de Neve. De origem francesa e direção experiente de Anne Fontaine, que tem em sua bagagem 19 filmes e séries dirigidos, o longa divide opiniões, pois para alguns é um filme atual e, para outros, uma adaptação um pouco moderna demais.

Claire (Lou de Laâge) vive a recente morte de seu pai e conta com sua madrasta Maud (Isabelle Huppert), que tem a colocado para trabalhar no hotel da família. Em meio ao luto, Maud aconselha sua enteada a sair mais para se recuperar, porém, é coincidentemente quando a protagonista aceita a sugestão que acaba sendo sequestrada.

Quando em uma floresta, Claire tenta fugir. É nesse ambiente que temos na lembrança a chegada do caçador, que aqui assume a forma de uma mulher que acaba por poupar a vida de da protagonista, desmaiando-a e deixando-a na mata. A vítima então acorda em uma casa e conta com ajuda de alguns homens, como os irmãos gêmeos Pierre e François (Damien Bonnard), e o músico Vincent (Vincent Macaigne).

As coisas ficam um tanto quanto confusas quando Pierre, um dos gêmeos, beija Claire logo após mandá-la embora ou quando a moça se vê em lugar estranho e não tenta ao menos descobrir onde está ou ainda dar satisfação para sua madrasta, que até então se mostra com boas intenções.

A relação de Claire com Pierre se estabelece sem nenhuma história, deixando o relacionamento um tanto quanto sexual. Sem contar o “incidente” de Claire ter relações carnais com o irmão gêmeo de Pierre, François, e não parecer se importar com o engano. É clara a proposta do filme de mexer com o principal atributo de Branca de Neve: sua pureza. Mas essa antítese poderia ser abordada com mais cuidado e fluidez.

O filme é dividido por partes sendo a primeira a visão de Claire e a segunda a de Maud. Ao entrarmos na visão de Maud, conhecemos a madrasta já esperada, uma mulher narcisista e má. Ela ouve seu namorado dizendo que ama Claire e fez esse seu motivo de vingança, contratando a “caçadora” para matar Claire. Com a elegância e pompa conferidas à vilãs, Maud percebe que seu plano não saiu como desejado e vai ao encontro da garota.

Enquanto isso, Claire vive sua vida no vilarejo já com planos de se estabelecer por lá, algo demonstrado no momento em que ela começa a sair com o veterinário da cidade, Sam (Jonathan Cohen), descobrindo que ele é um covarde, mas mesmo assim acaba se relacionando sexualmente com ele (é nesta cena onde vemos o paralelo dos animais da floresta que ajudaram Branca de Neve a arrumar a cabana dos sete anões). Mas nesta versão, o momento também é marcado pelo show que Claire faz para os animais ao fazer sexo com o veterinário no carro dele.

Claire não se cansa de suas aventuras e chega a ter uma noite com os irmãos gêmeos. E ainda, após sua noite de aventura, começa a beijar Clèment (Pablo Pauly) filho de um amigo... e cede aos pedidos sadomasoquistas do pai de Clèment, Bernard (Charles Berling). Mais uma vez, o longa tem intenção de adaptar uma fábula aos adultos, com cenas de nudez e sexo, mas acaba exagerando na hora de fazê-lo.

Uma terceira e final parte aparece como o clássico Branca de Neve, em que Maud encontra Claire e começa a arquitetar seu plano de dar um fim definitivo nela. A madrasta então planeja dar uma maçã envenenada durante com piquenique com a moça, mas o tiro sai pela culatra quando Claire troca o tempo com a madrasta com um de seus affairs. Mesmo assim, Maud não para de tentar o homicídio e, ao perceber que Claire é a rainha dos corações da cidade, sua raiva aumenta.

No começo do filme Claire tem uma postura apática, quase deprimente, mas ao desenvolver da trama vemos um novo estilo de vida se apoderar da mocinha. O estilo livre de Claire sempre é relacionado a uma nova vida, um lado selvagem e vivo da moça. Toda essa fase de transição é amparada pela ajuda do padre Père Guilbauld (Richard Fréchette), que não poda a moça à uma obediência cega, mas a faz pensar em suas atitudes.

De uma forma um pouco exagerada, Branca Como a Neve contextualiza a história clássica aos dias atuais e leva a trama com os mesmos desfechos se utilizando de papéis extremos, como o fato Claire abusar de sua liberdade e os outros são todos exagerados em suas características, não permitindo o roteiro seguir na construção de relacionamentos.

Confira o trailer oficial: