O novo Led Zeppelin?
Nos últimos anos, não houve uma banda que levantasse tanta discussão. De assuntos de mesa do bar às refeições em família. Que dividisse opiniões até mesmo entre os próprios integrantes da tribo a qual pertence. Mas os questionamentos mais abordados são com relação à semelhança entre seu som com a de outro grupo extremamente cultuado nos anos 1970.
Nem precisou citar os nomes dessas bandas, mas você que está antenado, sabe de quem estou falando: Greta Van Fleet e Led Zeppelin. Uma é, de fato o espelho da outra, mas antes de fazer considerações, vamos se ater a uma rápida análise.
Led Zeppelin, grupo de hard rock de origem inglesa formado em 1968 por Jimmy Page e Robert Plant. Posteriormente, foi completa pelos músicos John Paul Jones e John Bonham. Com o passar dos anos, perdeu seu baterista, o que forçou os membros remanescentes a encerrar as atividades em 1980. Em 12 anos, o conjunto acumulou um total de oito discos de estúdio.
Greta Van Fleet, grupo de hard rock origem estadunidense formado em 2012 por Josh, Samuel e Jake Kiszka e Kyle Hauck. Porém, a formação que atingiu sucesso foi a estabelecida entre os irmãos Kiszka e o baterista Danny Wagner. Em sete anos, a banda lançou três trabalhos de estúdio, sendo dois EPs e um disco de estúdio.
Após essa singela comparação, se vê que, de fato, ambos os grupos têm muito em comum. A única coisa é que um influenciou o outro. No caso, o Led Zeppelin influenciou e influencia o Greta Van Fleet desde seu estilo de composição, sua indumentária ao estilo de canto adotado pelo vocalista.
Genuíno, não?! Mas muitos crucificam o grupo vindo do interior dos Estados Unidos por não apresentar originalidade sonora e ser, como dizem “cópia do Led Zeppelin”. É engraçado tal movimento, pois as pessoas que isso afirmam parecem se esquecer do início das bandas musicais em geral.
No início da carreira, as bandas ainda não têm uma identidade sonora totalmente definida, o que pode soar muito como a cópia de outras bandas que os membros da primeira admiram. A exemplo disso se pode citar Alter Bridge e sua influência com o Creed; O Sum 41 com o The Offspring; Guns and Roses com Aerosmith; The Beatles e The Rolling Stones. Um se baseou no outro pela admiração. Mas conforme o tempo passa, os membros amadurecem e o som toma uma identidade maior.
Essa é uma realidade inevitável, embora o Greta Van Fleet já tenha imprimido no seu som algumas assinaturas próprias, mesmo que singelas. Visto isso, o que vem à mente quando se trata da agressividade acerca do grupo é o que pregou uma pesquisa realizada ano passado pelo serviço de streaming musical Deezer.
De acordo com o levantamento da plataforma, pessoas com idade a partir dos 27 anos e 11 meses deixam de ouvir músicas novas. No entanto, o ápice das novas descobertas, no Brasil, está na casa dos 23 anos, quando, pelos resultados da pesquisa, os indivíduos ouvem 10 canções inéditas por semana.
Então, esse movimento avesso ao Greta Van Fleet pode ser:
1. Resultado do preconceito, do não aceitar músicas novas;
2. Melancolia acerca do fim e da não reunião, até o momento, do Led Zeppelin;
3. Do sucesso grandioso alcançado em pouco mais de quatro anos;
4. Da idade dos membros do grupo, que, tão jovens, já são cultuados mundo afora;
5. Do despertar da sonoridade do rock setentista pelas mãos de jovens que, para muitos, são tidos como inexperientes;
6. De dizer para os outros que não gosta da banda, quando na verdade os ouve, sim.
A verdade é que o Greta Van Fleet acendeu essa discussão. Mas é verdade também que o grupo recolocou o rock e, diga-se de passagem, o rock mais clássico, de volta aos holofotes tanto da mídia especializada quanto da geral. E esse é um mérito integral dos garotos de Frankenmuth.
É claro que, como toda banda, tem os que gostam e os que não gostam. Basta ter argumentos convincentes para explicar o porquê curte ou não e seguir em frente com a track list. Afinal, se continuar com o discurso de o Greta Van Fleet ser igual ao Led Zeppelin, é bom lembrar que o próprio Robert Plant o elogiou. Então aceite ou não, a bola da vez é do GVF.